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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Preparando o Terreno

Criar condições para que realizações à primeira vista impossíveis aconteçam é mérito de poucos. Geralmente são as pessoas conhecidas por preparar o terreno, removerem uma pedrinha aqui, outra ali, dando a impressão que a estrada está sempre limpa e que não há dificuldades que não se possa superar. Gente assim germina idéias, exercita a paciência na espera pelos frutos, uma vez que olhos mais incautos apostam que elas não surgirão. Não raro, são calculistas e não podem ser confundidos com os ingênuos, sonhadores, que apostam suas fichas traçando planos inexeqüíveis, metas difíceis de serem alcançadas ou entregam-se ao instinto deixando-os ao sabor do acaso, presas ao “algo me diz que acontecerá”. A intuição é uma arma poderosa, mas tem que se revestir do concreto para surtir o efeito desejado. Quem se encarrega do durante, dificilmente usufrui depois. Após terminar uma etapa, lá vai sacudindo a poeira e partindo para outras realizações. Antecipar-se aos fatos é adotar postura e ação p

Indecifrável

Temos certa dificuldade em desvendar aqueles que “tem uns quantos por dentro”. Embora uma personalidade ás vezes se sobressaia ante as outras, as múltiplas facetas que este tipo de pessoa nos proporciona nos fascina e atordoa do mesmo tempo. São os indecifráveis a olhos incautos, cuja leitura limita-se ao que está sendo verbalizado e assim não se preocupa ou não, se desenvolveu pensamentos para entender as mensagens subliminares. Adequar-se ao interlocutor é antes de tudo é uma forma de respeito. Toda profissão tem o seu vocabulário próprio. Cada ocasião também. Para o pensador polonês Zygmunt Baumann, os valores da sociedade ocidental dissolvem-se, cerceando a tolerância e o relacionamento. É o que Baumann denomina “era de liquidez”. Princípios diluídos na rapidez das mudanças. Em comum restou-nos a incapacidade de relacionarmo-nos com o outro de maneira plena, com respeito ao que cada um de nós tem de singular e subjetivo. A tendência é atribuir valor à figura do outro da maneira qu

Eu Não Choro

Eu não chorei quando a personagem Camila cortou os cabelos naquela antiga novela da TV Globo, por estar com leucemia. Por mais que a atriz Carolina Dieckmann tenha se esforçado em dar realismo à cena, as lágrimas não saíram. A tradução do cotidiano para filmes, novelas, provoca empatia na maioria de nós. O desejo ou o medo de estar no lugar do personagem, leva-nos a indagar se o que se passa na tela não seria o retrato do que poderia acontecer conosco. Adoro filme em que o mocinho não morre no final. Não vi “Coração Valente” até hoje, apesar de eu saber que é uma história e tanto. Mas como eu sei que tem cenas de violência, me nego a ver. Exatamente pela possibilidade do que está na tela ser o que de fato ocorreu ou até pior. Confrontar-se com a dureza da realidade é um desafio que poucos suportam, mas que invariavelmente nos contaminam. Comodismo, negação? Pode ser. Fechar os olhos como se nada tivesse acontecendo pode não ser a melhor tática. Mas entre a alienação e envolver

A Outra Face do Gênio

Tchaikovski aproveitou a peste que se alastrava pela Europa e tomou água contaminada, vindo a morrer de cólera. Filho de família tradicional, expert da música, teve uma vida até certo ponto normal. Casou-se, inclusive. Tudo bem se não tivesse um detalhe. Ele era homossexual e o casamento foi só para atender as convenções da sociedade, vindo a suicidar-se – embora indiretamente - quando não agüentou mais conviver com a situação. É difícil encontrar entre aqueles ditos gênios, quem consiga equilibrar a genialidade nos diversos campos do conhecimento – seja música, ciência, escrita – com os padrões de comportamento que a convivência social exige. Trocando em miúdos, não é sempre que alguém com elevada capacidade mental criadora é sinônimo de bom pai, bom marido ou a nora que pedimos a Deus. Gênios são espíritos iluminados, com energia direcionada ao processo criativo, maior foco de prazer também. Não entendem como isso não é percebido pelos outros mortais, indiferentes à importância do

As Mulheres e o Poder

A escritora americana Harriet Rubin sintetiza a relação das mulheres com o poder em seu livro Princesa – Maquiavel para Mulheres, Editora Campus – 2004, da seguinte forma: - As mulheres hábeis em manejar o poder preferem fortalecer seus opositores, cooptá-los como aliados, em vez de abrir uma guerra. – Mulheres contribuem para instalar um clima mais cooperativo e evitam o estilo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A habilidade para o trabalho em equipe, hoje tão apregoada é confundida com indecisão e fraqueza. Tacham-nos de inseguras no exercício do Poder. O fato é que minimizamos nossos acertos, enquanto os homens minimizam suas dúvidas. O que aparenta ser um baixo nível de confiança encobre apenas o desejo de não parecer esnobe. Valorizamos o trabalho coletivo em vez de cultuarmos nossos próprios méritos. Homens conduzem negócios usando expressões como estratégia, tática e ofensiva. Voltemos um pouco no tempo e imaginemos ao longo da história os homens nas frentes de batalha

HAJA PACIÊNCIA!

Paciência é um dom e nascemos com ele. Se a afirmativa for verdadeira, pobre de quem não a tem. Qualidade das mais necessárias, não há um campo sequer das atividades humanas onde se possa abrir mão da paciência. Educa bem, ensina direito quem o faz o conhecimento fluir naturalmente. O professor com o qual mais se aprende, parece estar em casa deitado na rede ao invés de dando aula, demonstra dominar o ofício com maestria, sempre senhor da situação. Não é preciso ser supermestre, mas se não tiver o jogo de cintura como aliado para as nuances do ensinar, como lidar com a gama de informações dos alunos, a receita não dá certo e o bolo vai “batumar”. Nosso mundo tornou os minutos contados e não há relógio que sincronize o tempo do outro com o nosso. E dê-lhe autoajuda a exigir um tempo para nós. Mas se não temos tempo nem para respirar direito, como meditar, se a condição para a placidez interior é a sintonia com o mundo externo, para daí captar os fluídos tranqüilizadores do nosso espí