Tem dias que achamos que estamos fazendo mais pelos outros do que aquilo que julgamos que eles sejam capazes de merecer. Parece que a nossa cota de gentileza esgotou-se e aqueles que nos rodeiam estão em débito conosco. Há dias em que acordamos com a cara feia e que temos de concordar que o nosso bom dia sai meio azedo. Não é um bom dia de boca escancarada, acompanhado de um sorriso que vem de dentro. É um balbucio, que preferiríamos até não esboçar, mas que a cortesia do dia a dia nos impõe. O mínimo que esperamos é que o outro enxergue o nosso mau humor matinal, respeite-nos e fique quieto também. Embora nos levantemos às sete da manhã, nosso corpo só vai dar por conta que já está de pé lá pelas dez horas. Aí sim é que vamos entrar no ar como se a inércia sumisse repentinamente e nos invadisse a vontade de cantarolar: “...deixa vida me levar, vida leva eu...” Ô Zeca Pagodinho filósofo que só. O rádio a estas alturas já está ligado ou o fone de ouvido e então abrimos o melhor sorr
Rackel F F Tambara é poeta, cronista e contista.