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As greves do ABC paulista no final da década de 1970 e anos iniciais da década de 1980, vistas pelas lentes da fotografia engajada

          Toda imagem tem razão de ser: exprime e comunica sentidos. Carrega valores simbólicos; cumpre função religiosa, política, ideológica; presta-se a usos pedagógicos, litúrgicos e até mágicos.     Cartaz pela anistia que a polícia mandou retirar.  São Paulo, SP - 06/12/1978  Crédito: Ricardo Malta/N Imagem O processo que dá origem à fotografia se desenrola num momento histórico específico, em determinado contexto econômico, social, político, estético, religioso, que se configura no instante do registro. Culto ecumênico em memória de líder de sindicato rural assassinado  em Conceição do Araguaia, Pará. 1980. Foto de Juca Martins.  Copyright: Olhar Imagem   Mulher lavando roupa na favela Malvina. Macapá. Amapá. 1983.   Foto de Joao Roberto Ripper.   Copyright :Olhar imagem   Manifestação do Movimento Contra a Carestia. Praça da Sé. SP. 27.08.1978  Foto de Juca Martins.   Copyright: Olhar Imagem Movimento contra carestia, Praça da Sé, São Paulo. 27/08/1980  Crédito: Ricardo
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BOB DYLAN, BELA, BRISA E EU

    Ontem à noite passei um aperto com dois terneiros que atravessaram pelo lado do mata-burro e foram comer grama dentro do pátio.     Bob Dylan, um Lhasa metido a Pitbull deu o aviso e disparou porta afora. Mais atrapalhou que ajudou - eu tocava os terneiros de um lado, Bob espantava do outro.           As duas cadelas Cimarrón, Bela (a mãe) e Brisa (a filha) estavam presas e latiam sem parar, querendo participar da festa.  Bela pulou a cerca e Brisa - que só tem tamanho, é nenê ainda - latia desesperada, presa no canil.            Aí virou um gritedo só. Eu, as cadelas, o pequeno Bob e o terneirinho menor - já que o maior passou de volta pelo lado do mata-burro.         Quando me dei por conta, a Bela estava grudada no pescoço do terneiro, encurralado num canto da horta. O bichinho corria por cima das verduras e a cadela, atrás. Terminaram com o canteiro de tomates.         Consegui pegar a Bela pela coleira, mas foi um custo fazer a danada largar o

ROSSO DI SERA BEL TEMPO SI SPERA

PARCEIROS DO JAGUARI

A adolescente boia em descanso após atravessar o rio a nado. Esquadrinha o céu límpido à procura de nuvens naquele início de tarde. A água tépida de verão lhe acaricia o dorso.   – Vem, Luti, vem! Convida o enorme cão preto – porte indicando alguma nobreza – que se mantém inabalável, olhos fixos no rio. Ele está com preguiça hoje, ela pensa. Vira momentaneamente o rosto para a margem, vê o cachorro levantar uma das patas dianteiras em direção às orelhas. Espantando as moscas, imagina. Ele era assim, feito gente, cheio de manias, aquele seu companheiro. Não pode contar com o Luti hoje. A mocinha flutua no rio, íntima dele desde a infância. Distraída, embala-se nas águas, o corpo inicia um giro, alheio ao seu comando. No começo, devagar, depois, o ritmo aumenta, levando-a para outra parte onde o cálido é substituído pelo frio. O choque térmico lhe aguça os sentidos, percebe a água em círculos sob ela, a aragem, seguida de um farfalhar; a lembrança de frio percorrendo o cor

CAÇA AO PALMEIRA

Vai ser difícil outro mês tão memorável quanto está sendo esse aqui na cidade das belezas naturais. Sabe quando a população inteira adere ao monoassunto? Pois é o que acontece nesses meados de fevereiro. Por uma semana todo mundo só fala da mesma coisa: os artistas estão entre nós. O melhor hotel da cidade foi contratado de porteira fechada para abrigar a constelação global que irá ocupar as telinhas no horário das nove a partir de maio. Nívea Maria foi a abre alas. E não é que o primeiro lugar que ela visitou por aqui foi o Cine Teatro Ideal? Artista deve ser atraído por esses locais, afinal, o prédio onde hoje é uma farmácia, já foi supermercado, cinema e teatro. Sim, na primeira década do século XX Jaguari já tinha iluminação pública, banda de música, jornal e teatro. Por aqui fervilhava uma atividade cultural intensa para os padrões da época. Coisa que se perpetuou até nossos dias. Que o digam o Festival de Música Nativista “O Grito de Jaguari”, o carnaval mais famoso da r

HAMMURABI E A TORRE DE BABEL

Em meados do II milênio a.C, um grupo nômade MAR.TU – amorrita – fixou-se em uma localidade denominada Babila, às margens do rio Eufrates, cerca de 20 km a sudoeste de Kis. O nome foi interpretado pelos grupo como Bab-lim = porta de deus – que resultou no sumerograma KA,DINGIR, depois traduzido nas línguas modernas por Babel. O xeque do grupo invasor, Sumuabum (1894-1881 a.C) investiu contra o domínio das cidades de Isin e Larsa, expandindo sua conquista para as cidades de Kazalu e de Dilbat, ao tempo em que fortificou a capital, Babel. Seu sucessor, Sumula’el (1880-1845 a.C) selou a independência política de Babel após a construção do grande muro da cidade e de vitórias sucessivas sobre as cidades vizinhas. Com isso, estabeleceu a base da sua dinastia, que dominou a região por três séculos. Os amoritas tinham Marduk como deus principal desse novo grupo, mas as tradições sumérias e acádicas foram aceitas e incorporadas. Seu filho Sabium (1844-1831 a. C), é tido como o construtor de