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Mostrando postagens de abril, 2010

Porta do Sol

Um jorro de luz escapa por entre as nuvens, espelha o mar, clareia as montanhas adormecidas, esgueira-se por entre os edifícios, acordando-nos para um novo dia. O amarelo se alastra cobrindo cinzas e verdes Tudo se torna dourado. Um átimo a ser usufruído. Momento único. Em segundos, outras paisagens, outros tons. O milagre da criação se repete a cada instante. A vida reafirmando seu pacto resistindo teimosa, indiferente se o nosso coração se abre ou não à luz graciosa e benfazeja e se negue a refleti-la. Vivamos. O espetáculo se renova a cada dia. Em cada rincão há uma porta para o sol.

Perdas e Ganhos

Aquela amiga de longa data resolveu dar um basta nos trinta anos à beira do fogão, satisfazendo as vontades culinárias do marido e filhos, bem como dos convidados destes, independente de dia e hora em que a solicitassem. A reação foi imediata: “Você não é mais a mesma, não gosta mais de nós”. E ela ficou imaginando se tinha valido a pena estar disponível durante tanto tempo para alegrar as pessoas que amava e eles egoisticamente não perceberem sua doação. Talvez não tivesse valorizado o seu esforço como ela achava que deveria. Descompasso de importâncias, sentimentos sufocados, aflorando de repente. As pessoas adoram que façamos sacrifícios por elas. Principalmente aquelas atitudes que tenham um algo mais, que estejam além do usual, que tenham um quê de transgressão, que demonstrem a elas que são distintas das demais. Não podíamos fazer, mas fizemos. Não queríamos nos violentar para realizar a vontade do outro, mas ficamos com medo de perder e com a ânsia de agradar. A última coisa q

Do lar (Ou profissão em vias de extinção)

Ainda vigora nos contratos comerciais e bancários o uso da expressão “do lar”, para se qualificar a mulher que não trabalha fora. Há mulheres que ao serem indagadas da profissão informam que não trabalham. Por não laborar, entenda-se serviço doméstico. Exatamente. Aquelas tarefas anônimas, executadas diuturnamente pelas mulheres. O apoio logístico delas permite aos homens exercer com liberdade as mais variadas profissões, já que o controle da prole e as múltiplas funções, que o ato de criar filhos implica, estão em boas mãos. Sob o pretexto de educarmos os filhos, acompanharmos o marido, muitas de nós se tornam reféns da família. É claro que o trabalho doméstico pode ser uma opção. Mas não pode em hipótese nenhuma, tornar-se uma obrigação. Entre uma guerra mundial e outra, as mulheres pegaram no batente nas fábricas, nas escolas, nos escritórios e descobriram que podiam desempenhar tão bem quanto os homens as mesmas atividades que eles. Com os maridos na frente de batalha elas acumul

Inquietude

Pobre dos inquietos! Tem a vida permeada por emoções, conseqüência do carrossel de perturbações que lhes aflige os dias. Sim. Emoção não é garantia de prazer ou plenitude. É antes de tudo sinônimo de esforço para estar sempre alerta para a velocidade que as mudanças impõem. Muitos invejam a vida repleta de experiências que essas pessoas geralmente têm. Isto porque não se dá tempo para sossegar uma indagação e já se enfileiram outras para serem respondidas. Deve ser eletrizante um estado mental assim, imaginam os mais incautos. Ledo engano. Mergulhar de cabeça em quaisquer circunstâncias é extrair delas a essência que podem dar, independente da natureza desse núcleo. E não necessariamente é bom, como também nem sempre temos cabeça para poder voltar das experiências que vivenciamos. É por isso que alguns preferem nem entrar. “Só vou até onde posso voltar”. É coerente a afirmativa, já que as “pernas” que terão que nos fazer retornar ao ritmo normal do mundo são as nossas e não as alheia

A resposta

Eles até podem fazer com as pessoas o que quiserem e a opção de não responder, opinar, negar ou manifestar qualquer reação no ato, exceto a aceitação, não significa que realmente tenham feito o que desejaram com outrem. Quer dizer apenas que seus alvos se reservaram o direito de não reagir. O que as “vítimas” vão fazer com o ocorrido, com a informação, bem como os posicionamentos que venham a adotar ou decisões que porventura tomarão em conseqüência das ações que lhe foram provocadas é algo que lhes cabe somente e igualmente se dão ao luxo de dar conhecimento ou não à parte que lhes afrontou. Se o fizerem, será no momento adequado, com a forma de comunicação que lhes for conveniente. E, talvez agora, os autores também não esbocem a reação esperada quando lhes for dado conhecer, simplesmente por não perceber a resposta que lhes está sendo dada. Como diria o escritor português José Saramago, na obra A Caverna: “O importante é o caminho que se fez, a jornada que se andou, se tens consc