Às vezes nos dá aquela vontade danada de discutir umas ideias que temos na cabeça e achamos maravilhosas, com alguém que temos certeza que vai nos entender. Tudo bem se a vontade de telefonar não for às oito da manhã e o nosso interlocutor não for puro instinto até passar o mau humor matinal. Até tentamos segurar a ansiedade, mas não é sempre que se consegue. O resultado é inevitável. Tudo o que retorna do outro lado é um balde de água fria. “Oi, tudo bem”. Você espera e nada daquele “que prazer te ouvir!” costumeiro. É o suficiente para abortar seus pensamentos, por mais brilhantes que eles inicialmente tenham parecido. E aí nos convencemos que o melhor lugar para eles é lá no fundo do nosso cérebro. É complexa a sintonia entre o nosso momento e o do outro, mesmo os mais íntimos. Estamos loucos para conversar e só de olhar a cara do(a) parceiro(a), dá para ver raios e trovões se armando e o olhar ferino que nos é dirigido, nos desencoraja no ato. Ou então, estamos com uma dorzi...
Rackel F F Tambara é poeta, cronista e contista.