Ela está aí, presente. Muda de cara conforme a densidade populacional, mas ameaça entrar pela nossa porta. Não sabemos ao certo se confiamos nos índices que dizem que a criminalidade aumentou ou se são os meios de comunicação que nos fazem senti-la próxima. Por mais que se queira crucificar a mídia, não há como tirá-la da convivência conosco. É claro que a exposição é maior quando se trata de pessoas influentes, ligadas ao meio artístico, como aconteceu nas últimas semanas. Atropeladores que não socorrem e querem se safar, policiais recebendo propina para livrar o envolvido, assassinatos, corpos sumidos, numa avalanche de notícias ruins, onde a agressão ao ser humano foi a tônica.
Compadecemo-nos pelo sofrimento da humanidade e ao mesmo tempo acionamos o medo quando não sabemos se o desconhecido que vem em nossa direção, vai nos pedir uma informação ou sacar um revólver. Não adianta. A adrenalina dispara, preparamo-nos para o ataque ou para a fuga, se as nossas pernas o permitirem. Pertencendo a uma instituição de caridade, este mesmo anônimo pode ser objeto da nossa ajuda. Fora disso, nossos instintos avisam que ele pode nos agredir.
Um amigo jornalista, o Adelar, já falecido, bradava na coluna de um jornal em que ambos escrevíamos: “sabemos que muitas leis não atingem a universalidade popular... Dêem leis claras e objetivas ao Judiciário que as sentenças serão equânimes”. Lá se vão dez anos e nada mudou. Se o criminoso sabe que os bens do seqüestrado estão indisponíveis por lei, a exemplo do que ocorre na Itália, por exemplo, vai pensar duas vezes antes de seqüestrar alguém. A objetividade das leis irá demandar menos tempo da justiça em resolver questões, atingindo uma maior parcela da população. A quase certeza da impunidade é uma das molas propulsoras da criminalidade.
Andamos eretos há bastante tempo. Teoricamente evoluímos. Na prática, continuamos a agir de forma tão rudimentar quanto os nossos antepassados mais remotos. Há que se ter a capacidade de evoluir também, gestando leis efetivas que contribuam para diminuir a violência contra o ser humano.
Neste milênio que esperávamos como aquele que iniciaria a era de Aquário e nos traria paz esperada, ainda não fizemos a nossa parte e estamos atordoados por não sabermos como dar o pontapé inicial na efetivação dessa paz.
Violência. Esta é a palavra proibida. Bani-la do nosso dicionário é o grande desafio da humanidade.
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