Quando as dificuldades do trabalho tornam-se o foco principal, a família passa a ser uma filial do escritório, fábrica ou repartição. Cada problema não fica no seu reduto, os do serviço confinados no prédio da empresa e os de casa no seu respectivo lugar, porque quem transita pelos dois ambientes é o mesmo ser humano.
Melhor falar de trabalho que não falar nada. Não compartilhar o que vai dentro da cabeça e também não conseguir esconder a dor do rosto é ajudar a diminuir a resistência, inclusive física. A sensação inicial de que o santuário do lar foi invadido ao trazermos o que nos afeta no trabalho para casa, perde importância frente às dificuldades enfrentadas pela pessoa. É ela que nos interessa e sabermos a causa das dores é o primeiro caminho para colaborarmos. Mesmo que seja para ficarmos quietos e respeitar a visão do outro, ou então, saber a parte que nos cabe naquela preocupação. Isto elimina de cara “o que será que eu fiz para ele estar assim” e foca direto no problema.
Quem gosta de nós tem o instinto primeiro de nos poupar. Certas circunstâncias são melhor administradas sozinhas. Transferir o assunto adiante pode não acrescentar nada.
O mutismo pode ser uma tática para a não invasão de privacidade, porém, é uma faca de dois gumes. Corremos o risco de não perceber que se está levando vidas paralelas, onde a intenção inicial era de uma vida em comum e não uma ocupação comum de espaço físico.
Atravessar períodos difíceis e superar-se, qual família não passa por isto? É uma batalha diária, que parece não dar trégua. Pior que isto é perder a chama do grupo familiar, a cumplicidade. Preferimos enlouquecer junto, a ter que conviver com o alheamento das questões que fazem parte de uma rota comum. É louvável quem lida com o trabalho como missão, sinal que está preocupado com a própria profissão, empresa, mas também com o contexto onde ela está inserida, com pessoas por detrás dos empregos. Nestas horas, vale lembrar que cúmplices são mais fortes. E a relação de parceria se estabelece nos ambientes de trabalho e na família. É onde buscamos força para fazer melhor como seres humanos, como cidadãos de uma aldeia global, construída diuturnamente.
Muito bom esse texto, a união é sempre o melhor caminho.Um lindo fim de semana pra você Rackel, parabéns pelo seu talento e por textos sempre bem escritos.Beijos.
ResponderExcluirA divisão do trabalho levou-nos a viver estanques. Nos fragmentamos em casa, trabalho, escola e lazer. Tentamos ao máximo sermos múltiplos quando na verdade somos únicos. Não há como separarmos um ambiente do outro. Carregamos para cada um as alegrias e mazelas do outro. O que não pode é confundir as pessoas e tratarmos a quem amamos como extensões do mando e das obrigações.
ResponderExcluirOi Rackel, somos um só. Acrdito que o ideal é haver equilíbrio nos dois ambientes.
ResponderExcluirAdorei seu blog e ainda vou ler o resto.
Meus blogs: vidaaposavida e palavrasesentimento
Rosália, beijos