Para
a neurocientista e baronesa britânica Susan Greenfield, palestrante da conferência Fronteiras do Pensamento, de 22/09/2012, em
Porto Alegre, com o tema o cérebro do
futuro, o futuro do cérebro, “À medida que evolui, o cérebro humano
consegue se libertar da tirania dos genes e se adaptar ao ambiente. A isso chamamos
plasticidade, que vem do grego plastikos, que quer dizer ser moldado. Por cem mil anos, tempo em que o homem está no
planeta, nenhum outro ser desenvolveu um cérebro como o seu”.
Professora
da Universidade de Oxford, a neurocientista dedica-se ao estudo da fisiologia
das doenças de Alzheimer e de Parkinson, além de trabalhar como divulgadora
científica. A baronesa é voz dissonante na comunidade científica e fora dela;
por defender que e ambiente virtual afeta de forma negativa o cérebro humano.
Ela, inclusive, levou para o parlamento britânico, do qual faz parte; a
discussão sobre a regulação do uso da internet e possíveis efeitos nocivos de
seu uso sobre crianças.
Além desses temas, Susan Greenfield se destaca pelos seus estudos acerca das bases neurocientíficas da consciência. Sua teoria das assembléias neuronais é tida por cientistas como Jorge Martins de Oliveira, Professor da UFRJ, Diretor do Departamento de Neurociências do Instituto da Pessoa Humana (RJ); como a ideia mais coerente para a formulação de uma hipótese a respeito da formação da consciência.
Para Greenfield, as assembleias são unidades funcionais, de caráter transitório, compostas por neurônios "cedidos" por unidades anatômicas, de caráter permanente (as colunas neurais). Esse sistema embutido nas nossas estruturas cerebrais acontece, segundo a pesquisadora, nas fronteiras entre os neurônios sempre que o cérebro é ativado por algum estímulo. Manifestado sob a forma de disparos elétricos contínuos, são a fonte de energia necessária para que nas moléculas das membranas neuronais ocorra emissão de fótons. Quando essa emissão atinge uma frequência crítica, as moléculas das membranas de milhões de neurônios vibram em uníssono e entram numa fase condensada. Cria-se, assim, uma única identidade, pré-requisito fundamental para formação da consciência. Então, os neurônios de múltiplas colunas disparam simultaneamente; forma-se uma assembléia e, numa ínfima fração de tempo, a consciência explode.
Um grupo de físicos israelenses do Instituto
Weizmann, chefiado Amiram Ginvald, trabalhou com contrastes sensíveis à
voltagem elétrica, de modo a visualizar os neurônios se acendendo em larga escala. Verificou-se, então, que um mero
estímulo visual não provoca uma simples resposta cerebral, e sim, uma que
cresce à medida que mais e mais neurônios são recrutados: como Greenfield havia previsto quando propôs a teoria
das assembléias neuronais.
Uma equipe Universidade Hebraica de Tel-Aviv, liderada por Eilon Vaadia, confirmou os achados do Weizmann, tendo observado que grupos neurais podem se organizar para realizar tarefas específicas e, depois, se reorganizar para formar novos grupos a fim de executar novas funções.
A ponte invisível entre a indetectável consciência e as detectáveis assembléias neuronais, consiste no ainda desconhecido, mas preciso mecanismo; através do qual, num período de tempo infinitamente pequeno, a vibração da matéria super condensada, formada pelas moléculas dos neurônios, libera a energia que vai se expressar sob a forma de um abstrato pensamento consciente.
Na busca “localizar” a consciência, cientistas como o filósofo britânico Derek Parfit, acreditam existir uma região executiva da consciência, para onde convergem todas as informações geradas no cérebro. Porém, trabalhos como o de Susan Greenfield e dos cientistas israelenses, entre outras evidências mostram que a consciência não está restrita a essa ou aquela área, mas se espalha pelo cérebro, de acordo com uma de suas principais características:
— Ser, simultaneamente, uni-temporal e
múltiplo espacial.
De que forma coisas intangíveis, como pensamento e consciência são construídas a partir de elementos detectáveis e mensuráveis, como fases condensadas, atividade elétrica e neurotransmissores?
O que se passa nessa ínfima fração de segundo é tão insondável quanto o que ocorreu no instante inicial do big-bang, em que outra matéria, bilhões de vezes mais condensada, deu origem ao universo. De certa forma, tal proposição só reforça o epíteto de ser o cérebro a última fronteira do pensamento.
Referências: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ http://www.tecmundo.com.br/ http://www.consciencia.org/;
Revista
Filosofia Ciência e Vida Nº 9, 2007. Artigo do Dr. João de Fernandes Teixeira;O
livro do cérebro. Alberto P. Quartim de Moraes. Ed. Duetto, 2009. Jornal “O
Sul”, de 22.09.2012
Jornal
“Zero Hora”, de 22.09.2012.
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