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Mostrando postagens de maio, 2010

As Diversas Maneiras de Amar

Os casais possuem códigos que só tem significado para eles. Óbvio demais. Fundamentais, diria Roberto Carlos, o romântico. “...detalhes tão pequenos de nós dois...” Para quem olha de fora é pagar mico como diz a gurizada hoje em dia. Para o casal, pequenas relíquias que compõem a história de uma vida. Uma amiga distante, me conta ao telefone das estrepolias do marido, que está se bandeando para outro relacionamento, depois de um casamento de décadas. - Resolvi desprezar mesmo. Não separo mais as asinhas da galinha que ele gosta de comer. Ele que se vire! Se não a conhecesse tão bem, diria que estava brincando. Pequenas gentilezas, alimentos do amor, tomam um sentido enorme, quando do rompimento. Há atitudes que substituem as palavras. Imagine a cena: Depois de duas semanas sem se ver, a mocinha pede ao namorado: - Diz que me ama. - Mas eu te mandei flores na semana passada - Responde o rapaz com ar de surpreso. - Ué, e isso quer dizer que me ama - Surpreende-se ela. - Claro q

Queremos ser lembradas, sim. E daí?

Todas nós mulheres adoramos ser lembradas, principalmente quando se acorda de manhã e tem alguém entregando um ramalhete de flores na sua porta. Nestas horas, esquecemos o mau humor matinal e abrimo-nos em sorrisos. Fechando mais um numero na casa dos inta e chegando nos enta? Não importa. É o seu aniversário e aqueles que lhes são caros estão homenageando-a. Um presentinho, as flores e o abraço da família e dos amigos. Telefonemas daqueles amigos distantes, tudo contribui para que você passe o dia nas nuvens. Vamos, é seu aniversário, usufrua! Hoje é seu dia especial. Anos atrás, nos dias que antecediam ao aniversário de um familiar, encontramos a aniversariante aflita com os “micos” e inúmeros telefonemas característicos da data. Intimamente ela até gostava, mas se constrangia em se ver no centro das atenções, quando o passar do tempo já lhe indicava não ser mais uma jovenzinha. Pouco tempo antes, chamou-nos a atenção uma entrevista na TV com um professor americano radicado no Bra

No olho do furacão

Heráclito dizia que nada é permanente, exceto a mudança. E o que falar então de um mundo onde a velocidade da comunicação faz com que o morador da barranca do Uruguai, com uma parabólica espetada, saiba que houve queda nas bolsas de Kuala Lumpur na Malásia, há poucos minutos? Ele visualiza, presencia os fatos em tempo real. Mas será que é mesmo assim? O que buscamos para a nossa vida seja no sentido material, filosófico, religioso ou qualquer coisa que o valha é exatamente a constância. Pois é. Hoje estamos que nem cachorro tentando morder o rabo. Buscamos a estabilidade e para alcançá-la vivemos correndo atrás dela, sempre parecendo que quanto mais próxima está, mais ela se esvai. O que seria deste nosso planeta se ele não estivesse estável nos eixos, naquele eterno movimento de rotação e translação, como nos ensinaram nos bancos escolares? Aquecem ou esfriam as águas do Oceano Pacífico e lá vem El Nino ou La Nina tirar o nosso ao provocar a instabilidade do clima e coloca toda a

Trabalhar não mata ninguém

Trabalhar não mata ninguém. O que mata mesmo é a ausência do trabalho. Quer desespero maior que a ociosidade? Quem nunca olhou nos olhos de um pai de família e enxergou dentro dele a dor que mata? A dor de não ser produtivo, de não contribuir para a manutenção dos seus. Trabalho em sua essência é o que sentimos prazer em realizar. Aquele do qual gostamos e fazemos bem feito. E não é, necessariamente, sinônimo de trabalho intelectual. O jardineiro, por exemplo, que deixa o nosso jardim “um brinco” e que ao receber o pagamento pelo seu serviço faz questão de ir até sua casa, trocar de roupa e vir com uma roupa simples, porém limpa e asseada, realiza-se naquilo que faz e assim mostra o melhor de si. Não medimos esforços quando temos um desafio, uma tarefa a cumprir. Principalmente quando encontramos sentido naquilo que fazemos. – Mas eu não gosto do meu trabalho, eu queria ser outra coisa e não o que sou hoje, não ganho o que acho que mereço – Podemos acalentar nossos sonhos, mas temos

Pena é um sentimento dispensável

Alguém passa à frente de um lar de idosos numa manhã de outono. Alguns conversam, mas a maioria está calada, olhar distante, como se fitasse o infinito. Esta aparente desconexão com o mundo leva quem passa a dizer "coitados!". A cena se repete com frequência e alguns dos internos já não querem mais tomar o banho de sol ali na frente. Uns pouco escutam, outros não enxergam direito e muitos cuja dificuldade é a locomoção, preservam os sentidos em dia e são os que se aos poucos se recolhem ao fundo do pátio. "Coitado, uma ova", revelam-nos depois. "Eu estou muito bem aqui. Não preciso da pena de ninguém". Velhos todos seremos e mais dia menos dia alguma função do corpo, vital ou não irá se degenerar, mas isso não é motivo para se fazer de vítima. O papel de vítima é confortável, embora como tudo na vida tenhamos que pagar um preço por ele. É louvável o arroubo de dignidade em não se prestar a tal papel. As dificuldades físicas são um prato cheio para a acom

Lidando com opiniões não solicitadas

“Obrigado(a), mas quando eu quero ou preciso de opinião, normalmente eu peço”. Conta-se nos dedos quem tem coragem de dizer a frase acima àquele que resolveu emitir seu parecer sem ter sido consultado, com a fleuma de um súdito da rainha da Inglaterra. Convenhamos, uma resposta dessas ou similar encerra a questão e, se houver, termina também com a amizade ou qualquer relacionamento. Sentimo-nos inclinados a expressar nosso juízo sobre aquilo acontece ao redor, sobre o bate-papo que estamos participando... Até aí tudo bem. Se alguém está abrindo uma questão num grupo presume-se que saiba de antemão que está se expondo e em conseqüência, deve ter capacidade de absorver as argumentações que virão. Do contrário, é melhor nem provocar o assunto. Poucas pessoas se mostram receptivas a críticas quando em público. E se há dificuldade em administrar isso, a tendência da maioria é se esconderem sob o rótulo da timidez. Ou ainda, sob o direito que cada um tem à sua privacidade e reparti-la some

Desencontro de Expectativas

São quase 13:30 horas e o comércio ainda está fechado. Se estivesse aberto compraríamos a meia que está faltando. Não podemos sair do trabalho durante o expediente, seria bom para quem precisa do horário, atenderia às suas necessidades. Que bom se as nossas expectativas fossem acolhidas e ambas as partes saíssem satisfeitas. No terreno das relações interpessoais esperamos dos outros mais do que eles julgam que somos merecedores. Resulta em conflito e pelo simples motivo das pessoas não adivinharem o que pensamos. Passamos então para o jogo dos sinais. Recolhemos pistas, tentamos montar o quebra-cabeças interminável que é conseguir que todos fiquem satisfeitos e com o mínimo de rusgas possíveis. Trata-se de política de boa vizinhança, sabemos, mas nem sempre podemos dizer o que queremos. Não dá para rotular como hipocrisia. Estratégia, apenas. Na pretensão de sermos autênticos, magoamos o interlocutor, simplesmente porque não era a hora certa para tocar no assunto. Precisamos de vez e

Aparência

No impulso não nos importaríamos de sair com a tinta no cabelo e ir comprar aquelas balas de coco que desmancham na boca de tão macias. Se não nos importamos é porque a vontade de comer as balas é mais importante que o cabelo lambuzado. Por outro lado, não temos direito de impor aos outros a nossa feiúra e esquisitice de comportamento. Imagine o pandemônio que seria se nos déssemos ao luxo de dar vazão a todos os nossos impulsos. O mundo possui espelhos e não tem como passar na frente de um deles sem nos olharmos. Se pudéssemos, pintaríamos os cabelos só na frente, já que atrás nós não enxergamos que eles estão ficando brancos e, portanto, não precisamos nos preocupar. Só nos damos conta das nossas imperfeições, dos “defeitos de fabricação”, quando estamos de cara com eles ou quando alguém nos avisa. Não gostamos que ninguém apontando-nos o dedo. É preciso ser muito íntimo para que aceitemos racionalmente uma observação dessa natureza. E ainda assim, dói mais. Porque a opinião mais i

A Espera

A espera tem medidas diferentes conforme o lado da situação em que nos encontramos. Pode durar um segundo ou uma eternidade. Quando esperamos nem sempre estamos preparados física e psicologicamente para enfrentar o tempo. O preparo implica direcionar-se por inteiro àquilo que se quer conseguir. Estar em sintonia com nossos objetivos, mas depender de condicionantes externas, como a atitude de um profissional, por exemplo, tira de nós o controle da situação. A perda do domínio imobiliza-nos, provocando aquela situação insuportável de desamparo. Ficamos de mãos atadas, impossibilitados de tomar qualquer atitude que melhore a situação de desconforto. A fila é o modelo clássico: traumatiza-nos e é sinônimo de impotência. Fila de banco, do INSS, do consultório médico, do cabeleireiro, do emprego... Se for em pé então, nem se fala. Pior só se for ao sol, com calor, com frio, enfim. Somos movidos a necessidades básicas, dificilmente ficamos em estado de relativa normalidade emocional com fom