São quase 13:30 horas e o comércio ainda está fechado. Se estivesse aberto compraríamos a meia que está faltando. Não podemos sair do trabalho durante o expediente, seria bom para quem precisa do horário, atenderia às suas necessidades. Que bom se as nossas expectativas fossem acolhidas e ambas as partes saíssem satisfeitas.
No terreno das relações interpessoais esperamos dos outros mais do que eles julgam que somos merecedores. Resulta em conflito e pelo simples motivo das pessoas não adivinharem o que pensamos. Passamos então para o jogo dos sinais. Recolhemos pistas, tentamos montar o quebra-cabeças interminável que é conseguir que todos fiquem satisfeitos e com o mínimo de rusgas possíveis. Trata-se de política de boa vizinhança, sabemos, mas nem sempre podemos dizer o que queremos. Não dá para rotular como hipocrisia. Estratégia, apenas. Na pretensão de sermos autênticos, magoamos o interlocutor, simplesmente porque não era a hora certa para tocar no assunto. Precisamos de vez em quando engolir em seco e esperar o momento oportuno, mesmo que seja verdade para nós. Verdade é uma questão de ângulo. Muitas vezes ouvimos alguém dizer que “falei aquilo tudo porque era o certo”. Certo para quem? E a verdade do outro? O contexto em que ele foi criado, sua cultura, suas crenças, não contam para o que o enfoque dele seja também “a verdade”? Não somos obrigados a concordar com princípios que não são os nossos. Mas é sinal de respeito ouvir e, se mudará o nosso posicionamento frente ao assunto é outra estória. No mínimo, exercitaremos o respeito pela pessoa humana.
Quando procuramos saber as razões do comerciante pelo fechamento do meio dia, podemos provocar nele a semente da mudança, se a pretensão individual também for uma necessidade dos outros clientes. Talvez tenhamos que nos adaptar se ela for isolada, se a relação custo-benefício não compensar. Pode haver alguma convenção legal, alguém teria que estar presente para o atendimento, o que pode não ser bom para o dono do negócio.
Posicionando-nos do outro lado, vemos os fatos, sob a ótica de quem os defende e, se não concordamos, pelo menos compreendemos as suas razões.
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