Pular para o conteúdo principal

O Pacto


A impotência é uma sensação perigosa e quando ela se instala, o sentimento é de que nossa vida não mais nos pertence e perdemos o controle sobre ela. Sem perceber, abrimos mão da capacidade de interferir no nosso próprio destino, convictos que nenhuma atitude nossa vá mudar o curso dos acontecimentos.
Sucumbimos ao fatalismo, à suposta ausência de sorte, ao pré-determinado por um destino que se incitados a clarificar, não sabemos dar forma ou concretizá-lo. O destino é assim. Cômodo, fácil e nos provoca aquilo que mais queremos fazer nas horas de desespero: Sofrer. Ah! Como um sofrimentozinho faz bem. Quanto mais descemos na nossa angústia, parece que o fundo do poço ainda está longe e incita a curiosidade mórbida de descer mais. Não queremos mais o domínio. É boa a sensação de se deixar levar pelo sabor das ondas. Detalhe: Não somos nós que estamos conduzindo nossa vida. Estamos nos deixando levar.
Daquilo que não tomamos parte, que não fomos chamados a decidir, também não nos compromete o resultado. Mesmo que o produto final seja aquilo que temos de mais sagrado: A nossa vida. Mesmo ela, que apregoamos sopro vital, presente maior da criação, carrega uma ambigüidade perturbadora. Ao tempo em que temos todos os direitos sobre vida, garantidos pelo livre arbítrio inerente ao ser humano, temos o compromisso do zelo. É como se tivéssemos assinado com o TODO, um pacto de gestão nos comprometendo a fazer uso da dobradinha corpo-espírito, durante um certo tempo, mas o melhor uso possível, sob pena de passar o resto da eternidade fazendo o dever de casa.
Independentemente da crença numa espiritualidade ou da não-crença, também é atributo que nos cabe este pacto imaginário ao qual faz bem nos apegarmos, nestes momentos em que nada parece nos dar alento.
Temos um contrato firmado com a vida. Como parte integrante de um TODO que somos, uma faísca dele nos cabe. E isto nos basta para acender no clarão da divindade e retomar o controle de nossas vidas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A métrica no poema e como metrificar os versos de um poema.

Texto publicado no site Autores.com.br em 25 de Novembro de 2009 Literatura - Dicas para novos autores Autor: PauloLeandroValoto "Alguns colegas me abordam querendo saber como faço para escrever e metrificar os versos de alguns de meus poemas. Diante desta solicitação de alguns colegas aqui do site, venho explicar qual a técnica em que utilizo para escrever poemas com versos metrificados. Muitos me abordam querendo saber: - Como faço? - Como é isso? - O que é métrica? - Como metrifico os versos de meus poemas? - Quero fazer um tambem. - Me explique como fazer. Vou descrever então de uma forma simples e objetiva a técnica que utilizo para escrever poemas metrificados. Primeiro vamos falar de métrica e depois vamos falar de como metrificar os versos de um poema. - A métrica no poema: Métrica é a medida do verso. Metrificação é o estudo da medida de cada verso. É a contagem das sílabas poéticas e as suas sonoridades onde as vogais, sem acentos tônicos, se unem uma com as outras fo

Jogo de Palavras

Dizer que foi o receptor da comunicação quem se equivocou é uma atitude cômoda para o emissor, porém arriscada, já que a conversa pode se encerrar por ali. Quando lançamos mão do tradicional “você é que não me entendeu”, estamos transferindo para o outro a responsabilidade pelo equívoco que nós mesmos provocamos. Na prática, a nossa atitude em si é arrogante, pois não admite a possibilidade de erro e ainda por cima se exime das conseqüências, como se fôssemos donos da verdade e só a nossa versão é que contasse. Seria muito mais humilde e receptivo trocar a mensagem por “eu não me fiz entender”. Acalma o interlocutor e de quebra nos dá fôlego para uma segunda chance. Ocorre que na maioria das vezes nos utilizamos dessa tática com a melhor das intenções e com o honesto propósito de esclarecer a idéia que queríamos transmitir. Como a resposta vem de imediato à nossa mente, estamos convictos que esta forma de se expressar é correta e tanto cremos nisso que a reação é automática e não enten

A arte de escrever Sonetos

Texto de Paola Rhoden, publicado no site Autores.com em 05 de novembro de 2009 Em primeiro lugar, não se ensina um poeta a escrever. Ele tira da alma o que sua mão escreve. Porém, a tarefa de escrever um soneto, uma obra considerada pelos intelectuais de símbolo da poesia, não é fácil. Não é fácil porque aqueles que cultuam essa técnica, não arredam pé de que é essencial para um soneto seguir as regras. Mas, para quem gosta e quer seguir por esta árdua estrada, abaixo seguem algumas delas: Um soneto é uma obra curta que transmite uma idéia completa. Para se escrever um soneto perfeito, ou clássico, como é chamado pelos profissionais de literatura, deve seguir as regras mundialmente utilizadas, que são: métrica, ritmo e rima. Um soneto clássico é formado por quatorze (14) versos decassílabos, dispostos em quatro estrofes, da seguinte maneira: a) dois quartetos ( ou quadras ); b) dois tercetos ( ou terças); c) a métrica deve seguir as normas. Cada um dos 14 versos deve ser decassíla