Pular para o conteúdo principal

Catarse


A arte tem poder e isto não é novo. O filósofo grego Aristóteles registrou um processo que identificou nas tragédias. Foi ele quem chamou de catarse a descarga emocional que a experiência estética proporciona. Quando o expectador de uma peça teatral sente como suas as aventuras e os sofrimentos do protagonista do espetáculo, está trazendo para si vivências, dificuldades que gostaria de superar ou até a mudança que queria que acontecesse em sua própria vida.
Contos, histórias e filmes há tempos são usados como instrumentos terapêuticos. Segundo médico Dr. Jacques Leal Soares, de Canoas, tais recursos “são ativadores de reações bioquímicas e neurotransmissores como dopamina, noradrenalina, serotonina, acetil-colina, melhoram o estado de ânimo geral, pelas reações de prazer que proporcionam”.
Cada pessoa age de uma forma diferente diante de uma história que está sendo contada, num filme e com isto está abrindo uma janela para o inconsciente. Fora isso, cenas nas telas podem servir de exemplo de como reagir na vida diária. Uma identificação a ponto de viver o personagem como se nós estivéssemos fazendo parte do enredo, certamente nos fará liberar emoções represadas. Alguns choram e se liberam entrando de cabeça na ficção e conferindo-lhe caráter de veracidade ao trazê-la para si. Outros conseguem manter um distanciamento onde vislumbram a obra com olho clínico, estético, mas profundamente atento para sentir o momento em que sua sensibilidade é tocada. Se isto ocorre, eles bloqueiam a ação, mas sabem que se ela os atingiu, mesmo que minimamente, com certeza funcionará ao chegar ao grande público. Talvez seja este o mecanismo para tornar comercial, os filmes, novelas. Tocar a emoção para se justificar como indústria, como emprego. Mesmo um produto que exista com um objetivo comercial, tem que atingir o emocional para provocar o impulso, acender a chama da compra até que se torne incontrolável. Ainda que por trás haja um processo racional de assimilação, o desejo já foi despertado pela mensagem subliminar inicial e o consumidor tende a aderir e ser fiel.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jogo de Palavras

Dizer que foi o receptor da comunicação quem se equivocou é uma atitude cômoda para o emissor, porém arriscada, já que a conversa pode se encerrar por ali. Quando lançamos mão do tradicional “você é que não me entendeu”, estamos transferindo para o outro a responsabilidade pelo equívoco que nós mesmos provocamos. Na prática, a nossa atitude em si é arrogante, pois não admite a possibilidade de erro e ainda por cima se exime das conseqüências, como se fôssemos donos da verdade e só a nossa versão é que contasse. Seria muito mais humilde e receptivo trocar a mensagem por “eu não me fiz entender”. Acalma o interlocutor e de quebra nos dá fôlego para uma segunda chance. Ocorre que na maioria das vezes nos utilizamos dessa tática com a melhor das intenções e com o honesto propósito de esclarecer a idéia que queríamos transmitir. Como a resposta vem de imediato à nossa mente, estamos convictos que esta forma de se expressar é correta e tanto cremos nisso que a reação é automática e não enten...

A Lei de acesso à informação. Cuba e Angola: Empréstimos com carimbo de "SECRETO"

  Aproveitando o debate que tivemos hoje em aula sobre a abertura ou não dos arquivos dos tempos da repressão, comentamos matéria publicada em 09/04/2013, pela Folha de São Paulo, de autoria do jornalista Rubens Valente, intitulada Brasil coloca sob sigilo apoio financeiro a Cuba e a Angola. A notícia de que o governo federal, através do Ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, classificou como secreta a documentação que trata dos financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e Angola surpreende e, poderia passar despercebida de todos nós. Certamente, os meios de comunicação ficaram sabendo disso através do artigo 30, inciso II, da Lei nº 12.527, de 18/11/11, a Lei de Acesso à Informação, que prevê a publicação anual pela entidade máxima de cada órgão responsável do “rol de documentos classificados em cada grau de sigilo. O cidadão comum, que em 2012 festejou a publicação da chamada Lei de Acesso à Informação, pode se indagar:   “Que tipo de documento pod...

A métrica no poema e como metrificar os versos de um poema.

Texto publicado no site Autores.com.br em 25 de Novembro de 2009 Literatura - Dicas para novos autores Autor: PauloLeandroValoto "Alguns colegas me abordam querendo saber como faço para escrever e metrificar os versos de alguns de meus poemas. Diante desta solicitação de alguns colegas aqui do site, venho explicar qual a técnica em que utilizo para escrever poemas com versos metrificados. Muitos me abordam querendo saber: - Como faço? - Como é isso? - O que é métrica? - Como metrifico os versos de meus poemas? - Quero fazer um tambem. - Me explique como fazer. Vou descrever então de uma forma simples e objetiva a técnica que utilizo para escrever poemas metrificados. Primeiro vamos falar de métrica e depois vamos falar de como metrificar os versos de um poema. - A métrica no poema: Métrica é a medida do verso. Metrificação é o estudo da medida de cada verso. É a contagem das sílabas poéticas e as suas sonoridades onde as vogais, sem acentos tônicos, se unem uma com as outras fo...