Se a personificação de Deus tivesse uma agenda, ele teria um trabalho danado para atender os nossos pedidos de todos os dias. Não há nome tão lembrado e, diga-se de passagem, em vão. Qualquer sustozinho que tenhamos, lá vem um Oh! Meu Deus!. Parece até que copiamos dos filmes americanos a mania do Oh! My god e por pouco não saímos por aí dizendo I love you, já que este é outro bordão que não falta em filme made in USA. Sim, porque americano diz Oh! My god e I love you para tudo, o que não quer dizer que quando usam estas expressões estejam lembrando sinceramente de Deus ou que estejam amando de fato alguém ou ao supremo.
Pedidos na cultura religiosa estão diretamente ligados à oração à comunhão com o ser supremo, que o homem em desespero implora e eleva as mãos aos céus pedindo, apoio e satisfação de suas necessidades. O Deus da nossa crença é um repositório de tudo aquilo que a nossa natureza humana considera insolúvel ou que embora contido na partícula divina que temos conosco, não descobrimos direito o código fonte. Necessitamos então, de uma mãozinha do sagrado para descriptografar a mensagem que sabemos que está dentro de nós, mas que no fundo não nos sentimos tão Deus assim e apelamos para a Porção Maior. E exemplos é que não faltam a nos estimular. Vejamos Cristo ao secar a figueira, mostrando aos discípulos o quão poderosa é a fé em si e no sagrado. Mas a Bíblia nos diz para pedir direito, senão a gente corre o risco de não receber porque não pediu, ou não receber porque não mereceu ou ainda, não receber porque pediu mal. Até para fazer requerimento ao Divino a gente precisa saber o que quer. Não há como perder o sacrossanto tempo com quem não atinou para que lado vai, não está fazendo uso do livre arbítrio e quer pôr nas mãos do Senhor a responsabilidade por um destino que é de cada um de nós. Deus não está a postos para providenciar tudo. Queremos mão beijada e não fazemos a nossa parte. A gente também tem que dar uma mãozinha e acreditar que somos imagem e semelhança Dele. Senão o Todo Poderoso terá desperdiçado a chama sagrada que incutiu em nós. “Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.”, está em na Epístola de Tiago, 4-3. E se Deus é refúgio e fortaleza, socorro presente na angústia, é natural que o procuremos na hora do aperto. Por isso, nossa cota de pedidos é sempre maior que a de agradecimentos.
Todos os povos invocam o Divino na necessidade de ajuda e todos eles também o fazem para agradecer. É uma forma de comunhão, é uma forma de conversar, que pode ser com ou sem intermediários. Mas seja como for, profundamente válida quando sozinhos não somos realmente capazes de resolver nossas mazelas do cotidiano e lidar com o inevitável sofrimento da existência.
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