Gente de caráter não se liga com quem emite baixas vibrações. Parece coisa de místico, mas pode traduzir por antipatia simultânea. “Não fui com a cara dele(a)”. Ou sentimentos bem mais terrenos como “não fecha comigo e pronto. Não vou perder meu tempo”.
Pode parecer prepotência, mas todos nós temos o direito de escolher com quem queremos nos relacionar, a menos que as circunstâncias nos obriguem. Nestes casos, apenas suportamos, com um esforço enorme da nossa parte, porque implica se violentar. A zona de atrito é maior quando estão em jogo não somente situações corriqueiras, mas quando por trás da aparente singeleza delas escondem-se caráter e valores incompatíveis com os nossos. A sensação é de desamparo. “Porque é que eu tenho de passar por isto?. O que eu fiz para merecer este castigo?”
A capa de civilidade às vezes ofusca as verdadeiras intenções. Com os broncos é mais fácil. A gente já sabe o que se espera deles. Eles já vão estourando, quebrando os pratos logo de cara. Mas quando a coisa não é nítida, não é mensurável e aparentemente não se tem justificativa lógica, aí é que mora o perigo. A delicadeza no tratamento, adotada para mascarar os verdadeiros propósitos, confunde os incautos. Mas sempre acende uma luzinha lá dentro que a gente não sabe o que é, mas sente que algo está errado. E ela fica piscando, emitindo sinais de alerta como uma onda de calor captada por um equipamento ultra-sensível, mas penosa de se alcançar.
Tudo o que não é aparente é complexo provar. Ficamos com o sentimento de sermos os únicos a enxergar um demônio por trás daquela capa de sedução. Tem que ter muita precisão para perceber que aquele(a) que gosta de “tirar casca de ferida”. Não há antídoto, já que a ausência de escrúpulos demonstra tratar-se de pessoas determinadas, que sabem muito bem o que querem.
Se a convivência não nos é tão dolorosa assim ou se precisamos mantê-la sob pena de outras perdas que nos causariam igual ou maior sofrimento, vale uma partida de xadrez. A gente pode até jogar, mas fica cuidando dos movimentos do outro para poder ver o lance ideal. Só não vale executar jogadas previsíveis, porque aí é xeque-mate na certa. Se a opção for não encarar o relacionamento, uma dica vem do Dalai Lama “Se você achar a pessoa tão desagradável, que seja impossível agüentá-la, talvez seja melhor sair correndo”.
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