“Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. Que qualquer desatenção, faça não. Pode ser a gota dágua...Pode ser a gota dágua...”A repetição da última frase da música do Chico Buarque fica ecoando em nossos ouvidos. “pode ser a gota d`água...Pode ser a gota d`água...” Vá ser sensível assim mais longe, o Chico. Para perceber com tanta sutileza as nuances da alma feminina... Só pode ser mulher. Ou então travestir-se em sentimentos tipicamente femininos ou que assim transparecem ser. Talvez por isso aquele par de olhos verdes fique grudado na retina das mulheres cinquentinhas, um pouco mais, um pouco menos, anos a fio. Mostrando em canções os matizes dos inevitáveis sofrimentos da existência, como diz um amigo nosso.
Estamos resvalando aqui para o preconceito, ao intitular de feminina a prerrogativa da sensibilidade, mas é de caso pensado. O sentimento é intraduzível na maioria das vezes, por mais que nos esforcemos em transmitir aos parceiros, companheiros, a ponta de mágoa que um gesto, uma intervenção inoportuna provocou em nós. No fundo, é a famosa gota d`água. Represada, uma hora aparece a última gota. Como se houvesse a necessidade de esvaziar permanentemente o copo de mágoas e não deixar a cólera tomar conta.
Ah, Chico, você não pode ser real. Se fosse, estava junto com a Marieta e nosso raciocínio tosco, maniqueísta, iria por água abaixo. Amamos, logo, ficamos juntos. Se não estamos juntos, descuidamo-nos. Portanto, não amamos e em conseqüência nada do resto tem validade. A percepção quase irreal das emoções alheias beirando a perfeição, não passava de um blefe e de uma tacada só, invalidamos tudo. Se não foi perceptível ao outro, entendeu-se que ele não atribuiu a mesma importância que nós e, não raro, rotulou na coluna das bobagens.
A razão nunca tem um lado só. Mas a ótica do rancor é muito particular e não se desvanece com raciocínios lógicos. Ela nos fere e pronto. Se não conseguimos clarificar, transformar em palavras a “gota d´água”, por mais que o outro insista, resta-nos o passar da tempestade para saber se realmente dá para juntar os destroços.
Estamos resvalando aqui para o preconceito, ao intitular de feminina a prerrogativa da sensibilidade, mas é de caso pensado. O sentimento é intraduzível na maioria das vezes, por mais que nos esforcemos em transmitir aos parceiros, companheiros, a ponta de mágoa que um gesto, uma intervenção inoportuna provocou em nós. No fundo, é a famosa gota d`água. Represada, uma hora aparece a última gota. Como se houvesse a necessidade de esvaziar permanentemente o copo de mágoas e não deixar a cólera tomar conta.
Ah, Chico, você não pode ser real. Se fosse, estava junto com a Marieta e nosso raciocínio tosco, maniqueísta, iria por água abaixo. Amamos, logo, ficamos juntos. Se não estamos juntos, descuidamo-nos. Portanto, não amamos e em conseqüência nada do resto tem validade. A percepção quase irreal das emoções alheias beirando a perfeição, não passava de um blefe e de uma tacada só, invalidamos tudo. Se não foi perceptível ao outro, entendeu-se que ele não atribuiu a mesma importância que nós e, não raro, rotulou na coluna das bobagens.
A razão nunca tem um lado só. Mas a ótica do rancor é muito particular e não se desvanece com raciocínios lógicos. Ela nos fere e pronto. Se não conseguimos clarificar, transformar em palavras a “gota d´água”, por mais que o outro insista, resta-nos o passar da tempestade para saber se realmente dá para juntar os destroços.
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