Pular para o conteúdo principal

Projetos



É bom iniciar projetos, buscar soluções que ninguém pensou antes, que nos diferenciam frente aos nossos pares, à nossa comunidade.

Mas existem aqueles projetos que transcendem ao individual, ao ambiente de trabalho e envolvem a coletividade. Estes padecem de um problema crônico: a falta de continuidade na sua execução quando o autor da idéia passa o cargo adiante. A maioria não resiste a uma troca de diretoria, de mandato. Rei morto, rei posto. Quando se trata do setor público, temos o hábito de atribuir-lhe todas as mazelas de uma comunidade. Raciocinamos como se o Poder Público fosse uma entidade etérea, composta só por seus governantes e os edifícios que os abrigam.

Como se não houvesse cérebros, pessoas que se encarregassem de dar forma às ações. Eles lá e nós cá, quando é o contrário. Há um todo do qual fazemos parte e no qual temos que oferecer nossa contribuição enquanto cidadãos. É fácil ter algo incorpóreo para atribuir a culpa. A empresa, a escola, a prefeitura, a direção. Ao invés de nominarmos a quem se responsabiliza ou deveria fazer o quê, atiramos para o impessoal. Mesmo na personalização a tendência é sempre para o abstrato: “Eles não querem que se faça assim”. Eles quem? É a medida da sociedade às escuras, onde indicar responsáveis significa antes de tudo a possibilidade de atribuir culpados. Resquícios da ditadura, preocupação com o réu e não com a tarefa de sanar o erro corrigir os rumos e seguir em frente.

A maioria dos bons projetos não está à espera de ser criado. Já existe e precisa tão somente que mais alguém entre no barco e ajude a remar. O próprio Poder Público não existe sem uma coletividade que o apóie, que coadune com suas propostas, que esteja alimentando-as com suas idéias. E principalmente, que esteja atento àquilo que foge dos propósitos globais, que não surtiu os efeitos desejados e que precisa ser reavaliado. Criar o novo demanda esforço, convencimento e dinheiro para erguer toda a nova estrutura. Examinar pelo menos aquilo que o antecessor fez é no mínimo questão de bom senso. Às vezes, encampar uma idéia e aperfeiçoá-la conferindo-lhe uma roupagem mais solidificada, preservando o objetivo inicial, poupa tempo e desgaste. Sem contar que por não ser habitual, forja imagem de altruísmo e coerência de quem, antes da paternidade de um feito, quer saber se ele é viável ou não, à luz da racionalidade e do bem comum.

Comentários

  1. Olá, Rachel! Muito bom seguirmos juntas nessa caminhada de blogueiras. Nós também ainda estamos engatinhando nessa arte. Começamos assim também, com toda curiosidade e coragem. Vamos aprendendo a cada dia, a cada postagem... O apoio dos colegas nessa rede é o que mais nos motiva. Entrar para um grupo como o blogs educativos, nos ajuda muito. Seja bem vinda.

    Abraços...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Por favor, deixe aqui sua opinião sobre o texto.

Postagens mais visitadas deste blog

A métrica no poema e como metrificar os versos de um poema.

Texto publicado no site Autores.com.br em 25 de Novembro de 2009 Literatura - Dicas para novos autores Autor: PauloLeandroValoto "Alguns colegas me abordam querendo saber como faço para escrever e metrificar os versos de alguns de meus poemas. Diante desta solicitação de alguns colegas aqui do site, venho explicar qual a técnica em que utilizo para escrever poemas com versos metrificados. Muitos me abordam querendo saber: - Como faço? - Como é isso? - O que é métrica? - Como metrifico os versos de meus poemas? - Quero fazer um tambem. - Me explique como fazer. Vou descrever então de uma forma simples e objetiva a técnica que utilizo para escrever poemas metrificados. Primeiro vamos falar de métrica e depois vamos falar de como metrificar os versos de um poema. - A métrica no poema: Métrica é a medida do verso. Metrificação é o estudo da medida de cada verso. É a contagem das sílabas poéticas e as suas sonoridades onde as vogais, sem acentos tônicos, se unem uma com as outras fo

Jogo de Palavras

Dizer que foi o receptor da comunicação quem se equivocou é uma atitude cômoda para o emissor, porém arriscada, já que a conversa pode se encerrar por ali. Quando lançamos mão do tradicional “você é que não me entendeu”, estamos transferindo para o outro a responsabilidade pelo equívoco que nós mesmos provocamos. Na prática, a nossa atitude em si é arrogante, pois não admite a possibilidade de erro e ainda por cima se exime das conseqüências, como se fôssemos donos da verdade e só a nossa versão é que contasse. Seria muito mais humilde e receptivo trocar a mensagem por “eu não me fiz entender”. Acalma o interlocutor e de quebra nos dá fôlego para uma segunda chance. Ocorre que na maioria das vezes nos utilizamos dessa tática com a melhor das intenções e com o honesto propósito de esclarecer a idéia que queríamos transmitir. Como a resposta vem de imediato à nossa mente, estamos convictos que esta forma de se expressar é correta e tanto cremos nisso que a reação é automática e não enten

A arte de escrever Sonetos

Texto de Paola Rhoden, publicado no site Autores.com em 05 de novembro de 2009 Em primeiro lugar, não se ensina um poeta a escrever. Ele tira da alma o que sua mão escreve. Porém, a tarefa de escrever um soneto, uma obra considerada pelos intelectuais de símbolo da poesia, não é fácil. Não é fácil porque aqueles que cultuam essa técnica, não arredam pé de que é essencial para um soneto seguir as regras. Mas, para quem gosta e quer seguir por esta árdua estrada, abaixo seguem algumas delas: Um soneto é uma obra curta que transmite uma idéia completa. Para se escrever um soneto perfeito, ou clássico, como é chamado pelos profissionais de literatura, deve seguir as regras mundialmente utilizadas, que são: métrica, ritmo e rima. Um soneto clássico é formado por quatorze (14) versos decassílabos, dispostos em quatro estrofes, da seguinte maneira: a) dois quartetos ( ou quadras ); b) dois tercetos ( ou terças); c) a métrica deve seguir as normas. Cada um dos 14 versos deve ser decassíla